OPINIÃO: passagem subterrânea na Epig é a melhor opção?
O Radar Sudoeste estreia sua sessão de opinião, onde publicaremos editorais com o objetivo de contribuir para uma comunidade melhor e mais justa. No primeiro texto, trazemos uma preocupação: a segurança dos pedestres após a finalização das obras na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig).
Na última semana, o Governo do Distrito Federal (GDF) fez alterações no trânsito da via para a construção das fundações das passagens subterrâneas de pedestres. As obras fazem parte do projeto do corredor de ônibus que está sendo instalado na Epig.
Ao anunciar essa etapa da obra, o executivo local parece ignorar a realidade de insegurança vivida por muitos pedestres do DF. Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF), divulgado em 2023 pelo portal Metrópoles, mostra que mais de 65% dos entrevistados já presenciaram situações de insegurança, como assaltos e outros crimes, ao passar pelas passagens subterrâneas em diferentes pontos do Distrito Federal.
Muitas pessoas têm medo de utilizar as passagens subterrâneas. Não é difícil, por exemplo, se deparar com notícias publicadas pela imprensa de pedestres que foram atropelados e até morreram no Eixão por preferirem atravessar a via ao invés de optarem pelas passagens subterrâneas que, muitas vezes, nem iluminação pública funcionando possuem. Também há registros de estupros nas passarelas.
São fatos que levantam uma pergunta: esse modelo é o mais adequado para a Epig? Trabalhadores e moradores da região podem correr os mesmos riscos de quem cruza o Eixão na Asa Sul e Asa Norte.
O Radar Sudoeste questionou a Secretaria de Obras do DF se as passagens subterrâneas da Epig serão diferentes das que existem no Plano Piloto, se o projeto prevê mais segurança para os pedestres (como policiamento ostensivo ou câmeras de segurança com monitoramento em tempo real), o motivo da escolha desse tipo de passagem e não dos modelos tradicionais de passarela (por cima da via).
O órgão disse que serão 4 passarelas subterrâneas diferentes das que existem no Eixão. Afirmou que o projeto prevê passarelas amplas, com iluminação natural e artificial, sem pontos cegos. A proposta é que essas passarelas, além de oferecer travessia segura aos pedestres, sirvam como espaços de convivência, com feiras e comércios. A Secretaria de Obras também respondeu que a região é tombada, razão pela qual os viadutos e passarelas, por determinação do Iphan, são obrigatoriamente subterrâneos.
Na Epia, próximo ao Cruzeiro, há uma passarela tradicional que carece de iluminação pública adequada e afasta os usuários à noite, mas que durante o dia é uma alternativa para os pedestres.
Mesmo com essas promessas citadas pelo GDF, reforçamos a pergunta: este é realmente o melhor modelo?
*Imagem: divulgação/GDF